Wood Mackenzie projeta virada no mercado spot de gás no Brasil a partir de 2025
O relatório da Wood Mackenzie aponta que o mercado spot de gás natural no Brasil pode redirecionar até 3,5 milhões de metros cúbicos por dia para transações de curto prazo em 2025. A mudança nas dinâmicas contratuais promete desafiar o domínio da Petrobras e oferecer novas oportunidades às distribuidoras.
Mudança no mercado de gás natural no Brasil em 2025
O mercado de gás natural pode passar por uma transformação significativa, com o aumento expressivo das transações no mercado spot (curto prazo).
A previsão é do relatório “Mercado spot de gás no Brasil: a próxima grande mudança?” da consultoria Wood Mackenzie. Até 3,5 milhões de metros cúbicos por dia (MMm³/dia) podem ser redirecionados para o mercado spot em 2025.
A alteração se deve ao uso das cláusulas take-or-pay, que exigem pagamento por uma quantidade mínima de gás. Isso oferece flexibilidade, permitindo que distribuidoras completem seu suprimento com volumes do mercado spot, onde os preços variam entre US$ 5,90 e US$ 10,50 por milhão de BTU.
Javier Toro, gerente-sênior da Wood Mackenzie, afirma: “O mercado spot deixou de ser apenas uma alternativa oportunista. Agora é uma opção viável para operações diárias.”
Em 2024, o mercado spot já demonstrou consolidação, com mais de 60 contratos e 40 milhões de metros cúbicos comercializados, principalmente no Nordeste. A maior parte das transações ocorreu na última semana de cada mês, representando 41% das vendas totais. Distribuidoras como Copergás, Cegás, Bahiagás e SCGás lideraram, respondendo por mais de 95% do volume contratado.
A entrada de novos agentes e a diversificação da oferta colocam em xeque o domínio da Petrobras, que atualmente fornece cerca de 70% às distribuidoras. A estatal tem ajustado sua política de preços, reduzindo a base do Brent de 11,7% para até 10% nos volumes acima do ToP, tentando se manter competitiva.
Toro afirma que, se as dinâmicas atuais persistirem, 2025 pode marcar o início de uma mudança estrutural na gestão dos portfólios das LDCs brasileiras. Essa flexibilização contratual e o amadurecimento do mercado podem abrir espaço para um novo modelo comercial no setor de gás no Brasil.