Violência contra indígenas cresce em 2024 sob Marco Temporal, aponta relatório do Cimi
O assassinato de Maria de Fátima Muniz acentua a crise de violência contra os povos indígenas no Brasil. Em 2024, mais de 211 indígenas foram assassinados, refletindo a deterioração dos direitos territoriais sob a nova Lei do Marco Temporal.
Maria de Fátima Muniz, conhecida como Nega Pataxó Hã-Hã-Hãe, foi assassinada em janeiro de 2024 durante um ataque de fazendeiros em Potiraguá, Bahia.
Esse caso marca o início de um ano trágico, com mais de 211 indígenas mortos e processos de demarcação travados por conta da nova Lei do Marco Temporal, conforme o relatório do Conselho Indigenista Missionário (Cimi).
Os dados mostram um aumento 3,1% nos casos de violência contra indígenas, subindo de 411 para 424. O Cimi critica a nova lei por fragilizar os direitos territoriais e aumentar conflitos em todo o país.
Os estados mais afetados pelos assassinatos de indígenas em 2024 incluem:
- Roraima: 57 assassinatos
- Mato Grosso do Sul: 33 assassinatos
- Amazonas: 45 assassinatos
- Bahia: 23 assassinatos
- Rio Grande do Sul: 7 assassinatos
- Maranhão: 6 assassinatos
O relatório também destaca um alarmante aumento de 15,5% nas taxas de suicídio entre jovens indígenas, com 208 casos em 2024. Os fatores incluem violência, racismo e urbanização.
A Lei 14.701/2023 estabelece que terras indígenas só serão reconhecidas se ocupadas até 5 de outubro de 1988. Apesar da declaração de inconstitucionalidade pelo STF, o Congresso derrubou o veto do presidente Lula, intensificando as tensões e a violência.
Os conflitos em terras não regularizadas representam cerca de two-thirds dos casos notificados. Além disso, 61% das invasões e exploração de recursos ocorreram em terras já reconhecidas.
A crise climática também agrava a situação, com enchentes e queimadas impactando comunidades vulneráveis, especialmente na região Norte e Centro-Oeste.
A violência patrimonial contra territórios indígenas teve uma leve queda de 2,7%, mas ainda contabiliza 1.241 casos em 2024. Em Potiraguá, o ataque aos Pataxó Hã-Hã-Hãe resultou na morte de Nega Pataxó e ferimentos em outros indígenas, culminando na prisão de dois fazendeiros.