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Vigilantes se confundem com gangues e agravam crise de segurança no Haiti

Brigadas de autodefesa emergem em Porto Príncipe como resposta à violência das gangues, mas levantam preocupações sobre a violação de direitos humanos. Especialistas alertam que, apesar de serem vistas como uma solução temporária, essas milícias podem acabar se convertendo em novas facções criminosas.

Brigadas de autodefesa estão ocupando espaços controlados por gangues em Porto Príncipe, onde a ONU afirma que 90% do território é dominado por essas facções.

Compostas por jovens, as brigadas atuam na limpeza de ruas, recolhimento de lixo e organização da segurança. No entanto, impõem barreiras, cobram pedágios e decidem quem vive ou morre.

O sociólogo Jean Casimir resume: "A ordem pública foi privatizada pelas gangues". A atuação dessas milícias ganhou apoio local, devido à paralisação do sistema judicial.

Segundo Marie Yolène Gilles, da ONG Fondasyon Je Klere, "as pessoas confiam nessas milícias porque a Justiça falhou", mas há o risco de se tornarem novas gangues.

Relatórios da ONU indicam que algumas brigadas cooperam com facções. Em 2022, um chefe de gangue apoiou ações contra rivais, enquanto milícias saquearam e incendiaram cidades.

Miroslav Jenča, da ONU, afirmou que essas brigadas, embora necessárias em algumas áreas, violam direitos humanos fundamentais e aumentam a violência.

Experiências anteriores de missões internacionais prometeram segurança, mas fracassaram. O antropólogo Rodrigo Bulamah argumenta que isso enfraqueceu o Estado e favoreceu o crescimento das gangues.

O assassinato do presidente Jovenel Moïse em 2021 acelerou essa expansão. Mesmo com a crise estatal, não se pode ignorar que a situação não é homogênea.

Historicamente, as brigadas já foram necessárias em momentos de colapso, como nas décadas passadas. Segundo Pierre Ésperance, "é um paliativo perigoso, mas inevitável enquanto o Estado não reagir".

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