Venezuela surpreende e passa a cobrar tarifas de até 77% nas exportações de produtos brasileiros
Venezuela implementa tarifas de até 77% sobre exportações brasileiras, desrespeitando acordo de isenção de 2014. Empresários alertam que a medida impacta também outros países do Mercosul e agrava tensões diplomáticas regionais.
A Venezuela implementou uma nova medida tributária, cobrando tarifas de até 77% sobre as exportações de produtos brasileiros com certificados de origem, que antes estavam isentos devido a um acordo de 2014.
Empresários de Roraima, o estado mais impactado, afirmaram que a cobrança afeta também os outros membros do Mercosul: Argentina, Paraguai e Uruguai.
A tributação surge em um momento delicado, com a recente sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, anunciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, que entrará em vigor na próxima sexta-feira. Entretanto, o governo venezuelano não explicou a decisão.
Eduardo Oestreicher, da Câmara Venezolana Brasileira de Comércio de Roraima, expressou surpresa com a cobrança, afirmando que a isenção dos produtos, principalmente alimentícios, deveria acabar gradualmente. Ele solicitou ajuda à Embaixada do Brasil em Caracas.
As relações entre Brasil e Venezuela se deterioram desde julho de 2022, quando o governo brasileiro não reconheceu a eleição de Nicolás Maduro, amplamente contestada pela oposição.
O rompimento das relações entre Venezuela e Argentina seguiu a mesma lógica, e a embaixada argentina está sob custódia do Brasil. Maduro também se mostrou irritado com o Brasil por não acolher a Venezuela como membro do Brics.
Desde 2016, a Venezuela está suspensa do Mercosul por alegações de rompimento da democracia.
No ano passado, o Brasil teve um superávit de quase US$ 778 milhões com a Venezuela, exportando US$ 1,2 bilhão, principalmente em alimentos, enquanto as importações somaram US$ 422 milhões.
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) foi contatado e anunciará uma nota sobre o assunto.