Venezuela desafia comunidade internacional e promove eleição em território disputado com a Guiana
Venezuela realiza eleições para o território de Essequibo, apesar de não ter controle sobre a região, que é disputada pela Guiana. O regime de Maduro enfrenta resistência interna, com a oposição dividida e a população desinteressada em um pleito considerado simbólico.
A Venezuela realizará eleições neste domingo, 25, para escolher um governador e oito deputados do Legislativo de Essequibo, território que pertence à Guiana. Este pleito é considerado sem validade pelo governo guianense, já que a região é riquíssima em petróleo.
As eleições abrangem todo o país. Serão eleitos:
- 24 governadores,
- 260 deputados estaduais,
- 285 deputados da Assembleia Nacional.
O chavismo busca ampliar seu poder e a oposição está dividida entre boicote e participação. Esta é a primeira eleição para autoridades do Essequibo, zona de 160.000 km², onde a população não poderá votar. Os centros de votação estarão em Bolívar, com cerca de 21.400 eleitores.
Segundo o cientista político Xavier Rodríguez Franco, o regime de Maduro tenta recriar uma estratégia de Hugo Chávez para gerar nacionalismo. Contudo, a população está desinteressada devido à crise humanitária. A expectativa de comparecimento é entre 30% e 35%.
Maduro declarou que a vontade de recuperar os direitos sobre o território é inabalável. O presidente da Guiana, Irfaan Ali, reprovou o pleito, considerando-o ilegal e hostil.
O chefe do Estado Maior da Guiana alertou que participações nas eleições serão consideradas traição. Cidadãos venezuelanos na Guiana correm o risco de serem deportados.
A disputa sobre Essequibo, que contém vastos recursos naturais, começou há mais de um século. A Venezuela alega herança colonial, enquanto a Guiana pede à Corte Internacional que ratifique a fronteira estabelecida em 1899.
Após uma escalada de tensões entre os dois países, Maduro e o ministro da Defesa, Vladimir Padrino, reforçaram sua retórica militar, enquanto a Guiana aumentou sua presença militar na fronteira.
As eleições são vistas como uma provocação e uma tentativa de mobilizar o sentimento patriótico, mas especialistas acreditam que representam mais um ato simbólico do que uma ação efetiva de controle territorial.