Vem aí mais um ‘pibão’, mas é cedo para comemorar
Expectativas sobre o PIB para o primeiro trimestre de 2025 apontam para crescimento significativo, impulsionado pela agropecuária. No entanto, analistas alertam para a insustentabilidade desse ritmo sem reformas estruturais.
Na próxima sexta-feira (30/5), o IBGE divulgará os dados do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre de 2025. Expectativas do mercado financeiro indicam um crescimento robusto entre 1,5% e 1,8%, com projeção pessoal de 1,7%.
Convertendo para termos anualizados, o PIB pode ter crescido à velocidade de 6,98% ao ano, comparável a taxas chinesas. Este desempenho é impulsionado pelo setor agropecuário, devido à supersafra, mas não deverá ser mantido ao longo do ano.
Efeito renda da supersafra poderá estimular a demanda em outros segmentos, levando a um crescimento do PIB em 2025 de até 2,5%. Se confirmado, isso resultaria em um crescimento médio anual de 3% para o período 2023/2025.
Entretanto, o ritmo de crescimento pode não ser duradouro. A economia opera acima de sua capacidade potencial, com a inflação de preços livres em 5,83% nos últimos 12 meses até abril. Os núcleos da inflação estão em torno de 6% ao ano. Além disso, o déficit em conta corrente deve crescer de 1,3% para 2,8% do PIB entre 2024 e 2025.
O rendimento médio real das pessoas ocupadas está crescendo acima da produtividade do trabalho, alimentando a inflação. Em 2024, a produtividade cresceu apenas 0,1%, enquanto o rendimento cresceu quase 5%.
Esses dados indicam que o atual boom econômico, baseado em estímulos de demanda, está se esgotando. Sem reformas estruturais que incentivem os investimentos e aumentem a produtividade, não haverá crescimento sustentado.