Universalização do saneamento daqui a 8 anos está ameaçada, e consumidor pagará mais
Empresas estaduais de saneamento enfrentam dificuldades financeiras para investimentos essenciais, o que pode comprometer a universalização dos serviços até 2033. Buscando alternativas, elas recorrem ao mercado privado, onerando os consumidores com tarifas mais altas.
Empresas estaduais de saneamento enfrentam dificuldades financeiras, dificultando investimento necessário para a universalização dos serviços até 2033, conforme o Novo Marco do Saneamento Básico, de 2020.
As estatais, responsáveis por 87,6% do abastecimento de água e 67,1% do esgotamento em 3.301 municípios, precisam de R$ 900 bilhões em investimentos. Mas, entre 2022 e 2024, as oito maiores investiram apenas R$ 44,5 bilhões.
Para contornar a falta de recursos a juros baixos, as empresas têm emitido debêntures e buscado bancos privados, resultando em tarifas mais altas para os consumidores. Atrasos na aprovação dos financiamentos do FGTS também agravam o problema, afetando a capacidade das estatais em cumprir as metas.
Segundo Neuri Freitas, presidente da Aesbe, falta de agilidade nos bancos requer garantias elevadas, encarecendo ainda mais os financiamentos. Mesmo com a crescente participação privada, a meta de universalização é considerada desafiadora.
Cerca de 30% dos municípios estão sob administração privada, com R$ 69 bilhões em investimentos previstos até 2025. Apesar dos avanços, Christianne Dias Ferreira, da Abcon-Sindcon, afirma que o volume ainda não é suficiente.
O governo Lula busca melhorar estruturas de concessões e PPPs, com algumas estatais apresentando melhor capacidade de investimento. O BNB reporta crescimento significativo na contratação de recursos para saneamento, e o BNDES retorna a apoiar estatais com projetos. A CEF também aporta recursos, reafirmando a confiança nas metas de 2033, segundo a ANA.