Trump quer vender carros americanos, mas a Europa não vai comprá-los
As novas tarifas impostas por Donald Trump às importações de veículos da União Europeia geram grandes preocupações entre montadoras alemãs. Especialistas sugerem que a questão está mais ligada à inadequação dos carros americanos às normas europeias do que a um protecionismo direto.
F-150, a picape mais vendida nos EUA, possui 405 cavalos e pesa 2,5 toneladas, custando R$ 545 mil no Brasil. Não é vendida na Europa devido a regulamentos de consumo e espaço em estacionamentos.
Desde quinta-feira (3), veículos importados para os EUA enfrentam uma taxa de 25%. A União Europeia está debatendo uma resposta, após Trump anunciar uma sobretarifa de 20% sobre produtos europeus.
Trump declarou que os carros americanos não têm espaço na Europa por conta de regulações de segurança "não monetárias". Especialistas alegam que a questão reside na inadequação dos modelos americanos às exigências externas.
A Alemanha, maior exportadora da UE, foi severamente impactada. Em 2022, exportou 445 mil veículos para os EUA, somando US$ 24,8 bilhões. Estima-se uma perda de até € 200 bilhões durante o mandato de Trump.
A Volkswagen anunciou aumento de preços devido às tarifas, afetando até veículos fabricados nos EUA, como o elétrico ID.4. A Audi suspendeu envios para os EUA, segurando 37 mil carros em estoque.
A montadora Audi, sem fábricas nos EUA, enfrenta dificuldades, pois seu modelo mais vendido é fabricado no México, que também está sob mira de Trump. Carros desse tipo podem custar em média US$ 6 mil a mais.
Trump insiste na transferência de fábricas europeias para os EUA, citando marcas como a BMW. O discurso ignora as complexidades da cadeia de produção automotiva.
As tarifas atuais de 25% contrapõem os 10% impostos sobre veículos americanos na UE. Essa situação decorre de um tratado comercial não finalizado na administração anterior de Trump.
Além das tarifas, líderes da indústria alemã temem que o governo americano esteja focado em manter a primazia na tecnologia de mobilidade autônoma, um setor altamente competitivo com as empresas chinesas.
Enquanto isso, a BYD planeja uma nova fábrica na Europa, que pode se estabelecer na Alemanha, evidenciando as implicações regulatórias e geopolíticas desse movimento.