HOME FEEDBACK

Trump pode dar empurrão no acordo do Mercosul-UE com tarifaço?

A pressão sobre a França para aceitar o acordo com o Mercosul aumenta em meio à escalada das tarifas impostas pelos Estados Unidos. Especialistas apontam que a situação pode levar a uma reconsideração da oposição francesa ao tratado, apesar das preocupações internas.

A ameaça de tarifas de 50% do presidente americano Donald Trump sobre importações da União Europeia pode impactar a resistência da França ao acordo entre a UE e o Mercosul, segundo especialistas da BBC News Brasil.

O tema será abordado na visita de Estado do presidente Lula à França, que inicia em 4 de junho.

Apesar das boas relações, o presidente francês Emmanuel Macron é categoricamente contrário ao tratado de livre comércio negociado em Montevidéu. A aprovação do acordo ainda depende de outras instâncias da UE.

Antoine Bouët, do CEPII, comenta que as tarifas dos EUA têm causado reflexões na Europa sobre novos parceiros comerciais e que a França pode reconsiderar sua posição em relação ao Mercosul.

Trump inicialmente anunciou tarifas de 25% que aumentaram para 50% e foram temporariamente adiadas para 9 de julho. No setor industrial francês, há pressão pela aprovação do acordo Mercosul.

A oposição francesa é impulsionada pela pressão de agricultores, que temem perder empregos. Ecologistas também criticam o tratado. Macron ficou tão insatisfeito que retirou o convite à presidente da Comissão Europeia para um evento em Paris após a cúpula no Uruguai.

O acordo precisa ser aprovado pelo Conselho Europeu, e quatro países com 35% da população da UE podem bloqueá-lo. A Polônia se uniu à França, e a Itália também se mostrou contrária anteriormente.

Rémi Bourgeot, economista, observa que o governo francês tenta alinhar sua posição ao pensamento público, embora possa acelerar a ratificação do acordo devido à guerra comercial.

O ministro francês das Finanças reconheceu a necessidade de apressar as discussões sobre o acordo devido à ameaça das tarifas dos EUA. Ele reafirmou a oposição à ratificação, citando a necessidade de ajustes em questões ambientais e agrícolas.

O presidente do Banco Central francês acredita que o acordo pode atenuar os impactos das tarifas americanas.

Philippe Barbet, economista, defende que o acordo beneficiaria o setor industrial europeu, mas enfrentaria resistências no setor agrícola, já fragilizado.

A frança permanece em oposição ao acordo, considerando-o desfavorável à sua economia e à agricultura. O país está sob forte lobby agrícola e sua posição política atual limita uma mudança de postura.

A balança comercial entre Brasil e França foi de cerca de US$ 9 bilhões no último ano, com tendências de exportação estáveis para a França. O presidente do Conselho Europeu espera a conclusão do acordo na dezembro, enquanto se aguarda a evolução da posição francesa durante os encontros entre Macron e Lula.

Leia mais em bbc