'Tive um filho com casal de amigas': a luta judicial enfrentada por pais de bebê com 'triparentalidade'
Casal e amigo se unem na criação do primeiro bebê registrado com triparentalidade no Brasil. O modelo ainda enfrenta desafios jurídicos e sociais, mas representa uma nova possibilidade para famílias não tradicionais.
Casal forma família triparental no Rio de Janeiro
No final de 2020, Carolina Maiolino e Renata Vecchio convidaram Eduardo Bizzo para ser o pai do filho que esperavam. Ele aceitou, doando sêmen e assumindo responsabilidades parentais.
O filho, Milton, nasceu em agosto de 2024, sendo o primeiro no Brasil registrado por três responsáveis legais, caracterizando a triparentalidade.
A legislação brasileira permite mais de dois responsáveis legais, mas ainda é raro o reconhecimento imediato. A advogada Maria Berenice Dias destaca que esse modelo, embora não seja inédito, costuma envolver processos judiciais após o nascimento.
Carolina, Renata e Eduardo enfrentaram desafios, como a resistência de algumas famílias e a organização de responsabilidades. Eles firmaram um contrato de gestação e criação de filhos, estipulando direitos e deveres.
Apesar das complicações, a convivência diária entre eles facilita a criação e o desenvolvimento de Milton. Eles reconhecem que o novo formato familiar tem potencial para gerar uma educação rica, abrangendo diversas referências.
A demanda por diferentes modelos familiares cresce, refletindo em dados do IBGE que mostram um aumento de lares homoafetivos. A advogada Ana Carolina Santos Mendonça ressalta a importância de um planejamento adequado para evitar desafios emocionais e financeiros.
Embora o sistema legal ainda apresente lacunas, o reconhecimento da pluralidade familiar está sendo discutido no Senado, com propostas que buscam modernizar a legislação.
Carolina conclui que o diálogo e a construção conjunta têm sido fundamentais para o sucesso da parentalidade em um formato não tradicional e sente que a coparentalidade se tornará cada vez mais promissora.