Títulos soberanos perdem papel de ‘amortecedores’ de choques, diz KKR
A perda da eficácia dos títulos de governos como proteção contra ativos de risco agrava a busca por diversificação entre investidores. Especialistas da KKR alertam que déficits fiscais e inflação podem minar a tradicional segurança dos Treasuries.
Títulos de governos não são mais um hedge eficaz contra ativos de risco, segundo a KKR & Co.
Déficits fiscais mais altos e inflação persistente indicam que os títulos não se valorizarão sempre quando as ações caírem. Isso foi afirmado por Henry McVey, chefe de macroeconomia global da KKR.
McVey ressaltou que, em períodos de aversão ao risco, “os títulos do governo não estão mais exercendo sua função de amortecedores de choque em carteiras tradicionais”.
A KKR também identifica o risco de um dólar “estruturalmente mais fraco” com as reformas comerciais do presidente Donald Trump. O dólar está cerca de 15% supervalorizado, seu terceiro nível mais caro desde a década de 1980.
A venda simultânea de títulos, ações e dólar no início de abril levantou dúvidas sobre o status dos títulos do Tesouro americano como porto seguro. Desde então, embora os mercados tenham se estabilizado, persistem preocupações sobre o afastamento de investidores estrangeiros dos ativos dos EUA, especialmente após a Moody’s Ratings ter retirado a classificação de crédito máxima dos EUA.
McVey menciona que “muitos CIOs estão considerando transferir ativos dos Estados Unidos para outras regiões do mundo”.
A diversificação é desafiadora no mercado acionário, onde o mercado dos EUA é o dobro do tamanho do da Europa, Japão e Índia juntos. Contudo, há espaço no mercado de títulos, uma vez que os Treasuries estão se tornando menos correlacionados com ativos de renda fixa globais.
Segundo McVey, “o papel tradicional dos títulos do governo dos EUA em muitas carteiras globais ficará mais reduzido” devido ao alto déficit fiscal e endividamento.
Simon White, da Bloomberg, também destacou que a tendência de queda dos Treasuries deve continuar, especialmente se o novo projeto de lei de impostos e gastos for aprovado, mas com riscos de curto prazo que podem impactar o cenário econômico.