Títulos longos dos EUA pagam maior juro desde 2023 após Moody’s rebaixar nota
Investidores reagem ao rebaixamento da nota dos EUA, com aumento nos rendimentos dos Treasuries. Dólar perde valor frente a principais moedas enquanto preocupações fiscais ganham destaque.
Títulos públicos dos EUA recuam nesta segunda-feira (19), após a Moody’s rebaixar a nota de crédito máxima do país.
O rendimento do Treasury de 30 anos subiu até 5,02%, o maior patamar desde novembro de 2023. Já a taxa dos títulos de 10 anos avançou para 4,55%.
Moody’s rebaixou a nota dos EUA de Aaa para Aa1 por causa de preocupações fiscais crescentes, enquanto o dólar recuou frente a todas as moedas do G10. O euro subiu 1%, cotado a US$ 1,1274.
Para Jordan Rochester, do Mizuho, o rebaixamento reforça o tema da 'desdolarização', que já estava em curso. A S&P e a Fitch já haviam retirado o rating máximo anteriormente.
O déficit federal dos EUA está próximo de US$ 2 trilhões por ano (mais de 6% do PIB) e deve ultrapassar 107% do PIB até 2029, segundo o Escritório de Orçamento do Congresso.
Mark Haefele, do UBS Global Wealth Management, considera o rebaixamento um risco de manchete, mas não uma mudança estrutural nos mercados. No entanto, analistas observam uma fuga de ativos em dólar, com o índice Bloomberg Dollar Spot caindo até 0,6%.
Enquanto isso, um comitê da Câmara dos EUA aprovou um pacote de impostos e gastos, que ajudou a pressionar os Treasuries. Moody's projeta déficits federais de quase 9% do PIB em 2035.
Scott Bessent, secretário do Tesouro dos EUA, minimizou os riscos associados ao rebaixamento, e Alfonso Peccatiello destacou que a alteração não deve impactar fortemente o sistema financeiro global.
Trump anunciou conversas com Vladimir Putin para tratar do fim da guerra na Ucrânia, mas as tensões fiscais permanecem altas mundialmente, afetando também o Japão e o Reino Unido.
Na Europa, títulos soberanos de longo prazo também sofreram impactos, com o rendimento do papel alemão de 30 anos subindo para 3,11%.