Tesouro Direto: após maio positivo, títulos podem encontrar pedra no meio do caminho
Títulos do Tesouro Direto passam por volatilidade em junho devido a questões fiscais e políticas externas. Especialistas apontam que medidas do governo brasileiro e a tensão tarifária nos EUA podem impactar as taxas de juros dos papéis públicos.
Títulos públicos do Tesouro Direto iniciam junho com pontos de atenção após ganhos em maio. Especialistas alertam que a questão fiscal no Brasil e a política tarifária dos EUA podem aumentar a volatilidade das taxas.
Bruna Centeno, da Blue3 Investimentos, destaca que a parte fiscal do governo pressiona a remuneração dos títulos, sendo um reflexo do risco do país para investidores internacionais.
Vitor Oliveira, da One Investimentos, menciona que ruídos fiscais, como o aumento do IOF, devem impactar as taxas nos próximos meses. Ele lembra que governos costumam ser mais expansionistas antes das eleições.
Guilherme Almeida, da Suno Research, ressalta que a guerra tarifária nos EUA afeta a movimentação de recursos estrangeiros em relação ao Brasil, gerando pressão nos preços dos títulos.
Em maio, houve descompressão nas taxas, especialmente em títulos de vencimentos longos, refletindo a percepção do mercado sobre a inflação e situação fiscal do Brasil.
- Títulos mais longos caíram mais de 36 pontos-base em maio.
- Taxas dos títulos indexados à inflação, que chegavam a 8%, hoje operam em torno de 6,86% a 7,16%.
- Títulos atrelados à inflação com vencimento em 2045 destacaram-se com rentabilidade de 4,21% em maio.
O cenário é positivo para investidores que aproveitaram taxas mais altas no início do ano, mas negativo para quem postergou os investimentos. Centeno ressalta que a inflação está desacelerando, reforçando que o ciclo de alta da Selic pode estar encerrado, embora os riscos fiscais permaneçam.
O mercado de trabalho permanece resiliente, com a criação de 257 mil vagas e taxa de desemprego em 6,6%, o que pode alimentar preocupações sobre novas pressões inflacionárias.