Territórios quilombolas demarcados desmatam 55% menos, diz pesquisa
Pesquisa revela que terras quilombolas têm desmatamento 55% inferior a outras regiões, destacando o papel vital dessas comunidades na conservação ambiental. Estudo ressalta a importância da titulação de terras para a proteção da biodiversidade e do carbono armazenado.
Pesquisa revela que terras quilombolas no Brasil, Colômbia, Equador e Suriname têm taxas de desmatamento até 55% menores que outras áreas. A pesquisa foi publicada na revista Communications Earth & Environment em 22 de julho de 2025.
O estudo, realizado pela ONG Conservation International, analisou dados de 21 anos e avaliou o papel das comunidades afrodescendentes na conservação ambiental.
Essas comunidades ocupam apenas 1% do território, mas mais da metade de suas terras está entre os 5% de áreas com maior biodiversidade no planeta.
No Brasil, 39% das terras quilombolas estão sobrepostas a 87 áreas protegidas, incluindo o Parque Nacional do Jaú na Amazônia. O desmatamento em Terras Indígenas também caiu 42%, o menor índice nos últimos 6 anos.
A titulação das terras é um fator decisivo: áreas tituladas têm 29% menos desmatamento comparadas a unidades sem reconhecimento legal. Na borda territorial, a redução chega a 55%.
Os territórios quilombolas armazenam mais de 486 milhões de toneladas de carbono irrecuperável, com 172,9 milhões tons vindo de florestas tropicais e áreas úmidas no Brasil.
A perda desse carbono, por desmatamento, não pode ser recuperada em prazo crítico para evitar impactos climáticos.
A CDB da ONU reconheceu formalmente a contribuição dos afrodescendentes na conservação da biodiversidade durante a COP16 em 2024. A próxima conferência, COP30, ocorrerá em novembro em Belém.