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Terras de afrodescendentes e quilombolas têm até 55% menos desmatamento, diz estudo

Estudo revela que terras de afrodescendentes no Brasil e outros países têm um papel fundamental na conservação ambiental. Pesquisa destaca a importância das práticas tradicionais no combate às mudanças climáticas e na proteção da biodiversidade.

Pesquisa aponta que taxas de desmatamento em terras afrodescendentes são até 55% menores. Estudo da ONG Conservation International publicou resultados na revista Communications Earth & Environment.

A pesquisa analisou dados de 21 anos sobre as terras de afrodescendentes no Brasil, Colômbia, Equador e Suriname. Constatou que áreas como quilombos têm maior biodiversidade e menor perda florestal.

Sushma Shrishtha, autora do estudo, destacou a importância de reconhecer as contribuições desses povos para a preservação ambiental e o combate às mudanças climáticas.

As terras quilombolas têm taxas de desmatamento inferiores a unidades de conservação não tituladas, com uma redução de 36% fora dessas unidades e 55% nas bordas. Mesmo representando apenas 1% do território, mais da metade das terras afrodescendentes está entre as 5% com maior biodiversidade global.

Essas terras guardam mais de 486 milhões de toneladas de carbono irrecuperável, fundamental para evitar os piores impactos da crise climática. Hugo Jabini, um dos líderes quilombolas, destacou a necessidade de inclusão das vozes afrodescendentes nas discussões climáticas.

Marina Marçal, especialista em políticas climáticas, enfatizou que os afrodescendentes devem ser vistos como protagonistas na prevenção das mudanças climáticas, não apenas como vítimas.

No Brasil, as terras quilombolas representam 39% da área pesquisada e se sobrepõem a 87 áreas protegidas, incluindo o Parque Nacional do Jaú. A pesquisa também explorou práticas ancestrais de manejo sustentável.

Martha Rosero, coautora do artigo, observou que práticas afrodescendentes são multifuncionais e incorporam uma relação espiritual com a natureza. A COP30 terá a participação da Comissão Internacional de Comunidades Tradicionais, Afrodescendentes e Agricultores Familiares, reconhecendo o papel desses povos na conservação global.

“Eles não só preservam o passado, mas moldam o futuro das políticas climáticas e de conservação”, concluiu Rosero.

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