Taxas longas sobem após medidas fiscais do governo e jogo duro do Congresso
Mercado reflete insegurança fiscal e pressões para aumento da Selic. Taxas dos DIs a longo prazo sobem devido a incertezas sobre nova tributação e dificuldades no Congresso.
A curva a termo brasileira apresentou inclinação nesta quinta-feira, com as taxas dos DIs longos em alta, refletindo o mal-estar do mercado com o cenário fiscal.
O governo Lula revisou alíquotas de IOF e aumentou impostos sobre aplicações financeiras, levando à percepção de que o ajuste fiscal se baseia em aumento de receita ao invés de cortes de gastos.
No fim da tarde, a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 14,855%, e para janeiro de 2027, a taxa marcava 14,2%.
Entre os contratos longos, a taxa para janeiro de 2031 ficou em 13,71% e para janeiro de 2033, 13,77%.
O governo também publicou um decreto reduzindo parte dos aumentos do IOF, elevando a taxação sobre apostas e tributações sobre títulos isentos, com destaque para 17,5% de Imposto de Renda sobre rendimentos de aplicações financeiras.
Ainda assim, medidas de contenção de despesas foram anunciadas, mas sem divulgação do impacto fiscal.
Apesar de iniciarem a sessão em baixa, as taxas dos DIs ganharam força, especialmente nos prazos mais longos, sensibilizados pelo cenário fiscal.
O presidente da Câmara, Hugo Motta, notou que o clima não favorece aumento de impostos e um projeto para sustar o decreto de IOF deve ser votado na segunda-feira.
Se aprovado, as alíquotas do IOF voltarão ao que eram antes das mudanças.
Após comentários sobre o IOF, o dólar atingiu novas máximas e as taxas dos DIs longos também subiram, mesmo com a queda dos rendimentos dos Treasuries no exterior.
A incerteza fiscal aumenta as dúvidas sobre o futuro da Selic, atualmente em 14,25%% ao ano, com o mercado prevendo possíveis novas elevações.
Dados negativos de emprego nos EUA e forte demanda em leilão de títulos mantêm yields baixos, com o rendimento do Treasury de dez anos caindo para 4,355%%.