Taxar ultrarricos para distribuir aos pobres é uma medida popular, diz Nobel de Economia

Esther Duflo, economista francesa e uma das três mulheres a ganhar o Nobel de Economia, mantém um relacionamento estreito com o Brasil. Em visita a São Paulo, destacou sua interação com o ministro da Economia, Fernando Haddad, e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

Duflo anunciou a inclusão do Insper na Adept, uma aliança internacional focada em análise de dados e políticas públicas. Ela apoiou a proposta do Brasil no G20 de criar um imposto global de 2% sobre a riqueza dos bilionários para ajudar a mitigar os efeitos das mudanças climáticas.

A Nobel enfatizou que países pobres, embora contribuam pouco para as mudanças climáticas, sofrem seus efeitos desproporcionalmente. Duflo argumenta que ultrarricos poderiam abrir mão de 2% de sua riqueza, uma quantia pequena para eles, mas significativa para os mais necessitados.

Estudos mostram que essa tributação é popular, com 76% dos brasileiros apoiando a criação de um imposto mínimo de 10% para rendimentos acima de R$ 50 mil. Duflo defendeu essa medida como essencial para criar um fundo de proteção aos mais afetados por mudanças climáticas.

Ela discute a relação entre pobreza e mudanças climáticas, mencionando uma “tripla desigualdade” que faz com que os pobres sejam os mais prejudicados. Duflo propõe que países desenvolvidos compensem os danos causados nos países em desenvolvimento.

Além disso, aborda a transferência de renda como uma estratégia eficaz de combate à pobreza, defendendo programas como o Bolsa Família no Brasil, que têm mostrado melhorias em educação e saúde.

Duflo também se depara com a falta de mulheres na economia, ressaltando que mudanças estruturais são necessárias para tornar a profissão mais acolhedora para mulheres.

Esther Duflo, 52, é Professora de Alívio da Pobreza no MIT e cofundadora do J-PAL, premiada em 2019 por sua abordagem experimental no combate à pobreza global.