'Taxar ricos pode reduzir competitividade do Brasil', diz Henrique Meirelles, chefe do BC no governo Lula
Proposta do governo para tributar super-ricos gera debate sobre impacto na competitividade do Brasil. Especialistas alertam para possíveis desvantagens em elevar a carga tributária sobre os mais ricos.
A proposta do governo brasileiro para elevar a tributação dos contribuintes ricos será analisada na Câmara dos Deputados em agosto. A ideia é criar um imposto para os super-ricos, afetando cerca de 140 mil contribuintes que ganham a partir de R$ 600 mil anuais.
A proposta busca isentar do Imposto de Renda quem ganha até R$ 5.000 mensais. A alíquota do imposto aumentará de acordo com a renda, começando próxima de zero para rendimentos de R$ 50 mil e subindo gradativamente até 10% para quem ganha mais de R$ 1,2 milhão por ano.
A reforma foi aprovada na comissão especial da Câmara em 16 de julho e a expectativa é sua votação no plenário nas próximas semanas.
Por outro lado, Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, alerta que aumentos generalizados para a alta renda podem prejudicar a competitividade do país. Ele destaca que o Brasil já possui uma carga tributária elevada, principalmente entre os emergentes.
Em sua análise, Meirelles menciona que países com alta tributação oferecem vantagens, mas não se destacam no comércio internacional. Ele também afirmou que a proposta de taxação dos mais ricos não é uma preocupação pessoal.
A reforma do IR é uma promessa antiga do governo Lula, discutida em foros internacionais como G20 e Brics. Um estudo de 2024 sugere que ricos no Brasil pagam cerca de 14% de impostos, similar ao que pessoas de classe média pagam. Isso indica uma estrutura tributária regressiva que acentua desigualdades.
Nos EUA, alguns bilionários pagam alíquotas muito baixas, enquanto no Reino Unido, os ricos contribuem mais que nos EUA e Brasil.