Taxação americana não foi sentida no Brasil
Setores da economia brasileira permanecem cautelosos após novas tarifas dos EUA, mas não há mudanças significativas nas estratégias empresariais até o momento. Apesar do aumento das tarifas, algumas exportações, como as de carne bovina, continuam a crescer.
Pacote Tarifário dos EUA contra o Brasil provoca cautela na indústria brasileira, sem mudanças concretas.
Após dois meses da implementação, Ricardo Alban, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), afirma que o impacto das tarifas ainda é incipiente. A CNI enviou uma missão aos Estados Unidos para discutir tratamento diferenciado e destacar projetos de complementaridade produtiva.
Alban alerta que as tarifas provocam um desvio na balança comercial com a China, principal parceiro exportador. “55% das nossas exportações de manufatura vão para os EUA”, ressalta.
Preocupação com a concorrência chinesa surge na Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), que aponta crescimento de 51,7% nas importações de calçados da China em março.
No agronegócio, o setor acelerou, principalmente a carne. Mesmo com um aumento de dez pontos percentuais nas tarifas, as exportações de carne bovina para os EUA não retraíram, com 48 mil toneladas enviadas em abril.
O impacto financeiro é difuso, segundo Eduardo Castro, da Portofino Multi-Family Office, que destaca uma desestabilização do mercado. O cenário é diferente do esperado com a administração Trump.
A guerra comercial vai alterar diversificação de carteiras internacionais, mas os EUA continuarão como a principal economia do mundo. João Daronco, da Suno Research, observa que ainda não há cortes de emprego ou investimentos visíveis.
Segundo dados do IBGE, a taxa de desemprego está em 7%, a menor em 13 anos, sem indícios de deterioração nas indústrias exportadoras.