Tarifas de Trump são um presentão para a esquerda, que pode ressurgir em toda a América Latina
As novas tarifas de Trump sobre produtos brasileiros e mexicanos inversamente favorecem a popularidade de líderes de esquerda. Com a atitude defensiva em relação à soberania nacional, Lula e Sheinbaum encontram um impulso em meio a crescentes críticas às suas gestões.
A nova série de ameaças tarifárias do presidente Donald Trump ao Brasil e ao México proporciona um respiro político para os governantes de esquerda desses países.
Duas pesquisas recentes mostram que a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva subiu desde o anúncio de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros:
- Pesquisa da Quaest (16 de julho): 43% de aprovação, contra 40% em maio.
- Pesquisa da Atlas/Bloomberg: 49,7% de aprovação, aumento de 2,4% desde junho.
Segundo Anthony Pereira, especialista em Brasil, as tarifas permitem que Lula se apresente como um defensor da soberania nacional.
Embora a economia brasileira tenha crescimento projetado de 2,3% este ano (abaixo de 3,4% do ano passado), as tarifas americanas oferecem a Lula uma oportunidade política em um momento desfavorável.
No México, a presidente Claudia Sheinbaum enfrenta uma economia estagnada, mas também se beneficia das ameaças tarifárias de Trump, que ajudam a manter seus altos níveis de aprovação.
A economia mexicana deve crescer apenas 0,1% este ano, e as críticas à reforma judicial de Sheinbaum são ofuscadas pelas manchetes sobre Trump.
Críticos em ambos os países argumentam que Trump deveria focar na China, seu verdadeiro rival, ao invés de atacar a América Latina.
John Bolton, ex-assessor de Segurança Nacional, destaca que a guerra comercial de Trump prejudica tanto os EUA quanto a região. As ameaças tarifárias podem encarecer produtos como tomates, café e carros nos EUA, e, ironicamente, fortalecer a esquerda populista na América Latina.