Tarifaço sobre a carne bovina é problema maior para os EUA do que para o Brasil, diz especialista
Economista aponta que o tarifaço dos EUA traz mais dificuldades para os americanos do que para o Brasil. Setor agropecuário deve buscar novos mercados para a carne bovina brasileira diante das restrições impostas.
Impacto do tarifaço de Donald Trump na carne bovina brasileira:
O aumento da cautela entre pecuaristas e frigoríficos brasileiros se intensifica com o tarifaço de 50% sobre a carne bovina. Guilherme Jank, da Datagro, afirma que o problema é mais complicado para os EUA do que para o Brasil.
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) alertou que a sobretaxa torna inviável a exportação para os EUA, com cerca de 30 mil toneladas de carne paradas.
Os EUA são o segundo maior comprador da proteína brasileira, consumindo 4,5% da produção, o que representa 400 mil toneladas por ano. Apesar disso, essa oferta limitada gera impactos imediatos nos preços.
Segundo Jank, o mundo depende da carne brasileira. Se os EUA não puderem importar, precisarão buscar alternativas, mas outros países não têm capacidade de suprir a demanda, o que pode abrir novas oportunidades para o Brasil em mercados como o México, que se tornou um comprador relevante recentemente.
O analista também destacou a dificuldade dos EUA em encontrar fornecedores com quantidades e preços competitivos rapidamente. Em 2023, o Brasil respondeu por 5,4% do consumo de carne bovina nos EUA entre janeiro e maio.
Os preços da carne brasileira são ainda mais competitivos, em média de US$ 5,45 por quilo, comparados a mais de US$ 11 nos EUA e preços altos nos outros países. Jank conclui que "nenhum mercado tem capacidade de competir nas mesmas condições do Brasil".