SUS sob prescrição eleitoral
Ministério da Saúde enfrenta críticas por priorizar ações de marketing político em detrimento de soluções sustentáveis. Especialistas alertam para os riscos do modelo de pagamento por volume, que pode agravar ineficiências no sistema de saúde.
Ministério da Saúde adotou nova diretriz: transformar o SUS em ferramenta de marketing político. A proposta é zerar filas de exames e cirurgias eletivas, com medidas de forte apelo eleitoral, mas de baixa sustentabilidade.
A estratégia envolve a realização em massa de procedimentos médicos, inclusive na rede privada, com repasses excepcionais de recursos federais. No entanto, falta transparência e critérios clínicos claros nesta abordagem.
Um relatório da OMS recomenda a transição para modelos de financiamento baseado em valor. A saúde suplementar, que já adota esse modelo, evidencia limites, como altos custos e insatisfação dos usuários.
Programas anteriores, como QualiSUS Cardio e Qualidot, promoviam a vinculação de recursos a indicadores de qualidade, mas foram revogados. O programa "Agora Tem Especialistas" busca ampliar o acesso a serviços privativos, mas sem critério de equidade.
Leis como a dos 30 dias para diagnóstico e 60 dias para tratamento oncológico têm pouco impacto prático para os pacientes, revelando a ineficiência da demagogia legislativa.
Exemplos positivos, como a Tabela SUS Paulista, mostraram que respeitar princípios de financiamento pode gerar melhores resultados.
A inclusão do Hospital AC Camargo no Proadi carece de avaliação rigorosa, questionando a eficácia de apenas 7 hospitais para resolver problemas enfrentados por toda a rede.
A contradição no governo é evidente: enquanto o ministro da Fazenda critica despesas tributárias, o Ministério da Saúde propõe ampliá-las como solução para o SUS.
A fila de procedimentos eletivos é um desafio real, exigindo soluções estruturais: regionalização, integração de redes de atenção e planejamento eficaz. O Brasil precisa de políticas públicas baseadas em evidências e não de estratégias eleitorais que prejudicam a saúde da população.