'STF se tornou um ator político-partidário e isso vai enfraquecer sua decisão sobre Bolsonaro'

Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou a denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras sete pessoas por tentativa de golpe de Estado. Este é um feito inédito, pois é a primeira vez que um ex-presidente e oficiais generais das Forças Armadas serão julgados por essa acusação.

O cientista político Fernando Limongi adota uma postura cautelosa diante do julgamento, enfatizando um desequilíbrio entre os Poderes da República. Ele acredita que, embora haja indícios de tentativa de golpe, as questões políticas estão se tornando excessivamente judicializadas, o que pode enfraquecer a legitimidade do STF.

Limongi, professor da Universidade de São Paulo (USP) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV), argumenta que a atual crise de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é influenciada pela inflação, e que mesmo com dificuldades, Lula continua sendo um candidato forte para 2026.

Em sua análise, Limongi critica a politização do Judiciário e menciona que as decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) afetam a percepção pública do STF. A decisão do TSE de tornar Bolsonaro inelegível alimenta a narrativa de perseguição política, mesmo diante de indícios que podem justificar a investigação.

Além disso, ele comenta sobre a necessidade de renovação de lideranças tanto à esquerda quanto à direita. Em 2026, a posição de Bolsonaro será crucial para o futuro da direita brasileira.

Limongi conclui que, independentemente do julgamento, o Brasil está longe de uma crise civil, mas gera implicações no sistema político, uma vez que o STF deve atuar fortemente contra tentativas de golpe.