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Sob Lula e Bolsonaro, Congresso bate recorde de projetos para barrar decisões do governo

Crescimento significativo nos Projetos de Decreto Legislativo revela um Congresso mais assertivo na fiscalização do Executivo. Desde 1995, mais de 3,4 mil propostas foram protocoladas, mas apenas 0,2% delas foram aprovadas.

Projetos para derrubar decisões presidenciais aumentaram nos últimos anos, refletindo um Congresso Nacional mais arisco ao Poder Executivo. Entre 1995 e 2025, foram apresentadas mais de 3,4 mil propostas para sustar atos da presidência; mais da metade sob Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva.

O levantamento, realizado pelo cientista político Murilo Medeiros da UnB, mostra que apenas 0,2% dos projetos (10) foram aprovados. No entanto, a apresentação de Projetos de Decreto Legislativo (PDLs) pode intimidar o Executivo, levando-o a recuar em suas normas, como no caso do decreto que aumentou o IOF.

O presidente da Câmara, Hugo Motta, disse que votará um requerimento para derrubar o segundo decreto do governo Lula sobre o IOF. Medeiros destaca que o PDL é um instrumento eficaz de controle parlamentar, e desde 1988, o Congresso derrubou decretos apenas duas vezes.

Entre os dados compilados, 1.506 PDLs foram protocolados durante o governo Bolsonaro e 662 no atual governo Lula. Juntos, eles representam 63% de todos os PDLs nos últimos 30 anos. O governo Temer protocolou 336 PDLs, seguido de Dilma Rousseff com 294.

Durante os mandatos anteriores de Lula, entre 2003 e 2010, foram 256 PDLs. Agora, já são 662 PDLs no governo Lula III, um aumento de 158%.

A crescente apresentação de PDLs não é resultado apenas do número de normas editadas, mas reflete uma mudança estrutural na relação entre Executivo e Legislativo. A fragmentação partidária e o fortalecimento do Congresso após reformas recentes também são fatores importantes.

Alguns PDLs foram iniciados por partidos da base do governo, como PT e PSB. Em 2025, foram protocolados 7 PDLs por partidos aliados e 18 por centristas. O avanço de apenas um PDL já tem forçado o governo a recuar, como demonstrado em dois episódios de 2023 e acontecimentos durante o governo Bolsonaro.

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