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Silêncio do Exército sobre acampamentos em 2022 abriu margem para atos, sugere coronel

Coronel do Exército revela que silêncio da instituição após eleições alimentou a impressão de apoio a ações antidemocráticas. Ele é um dos réus em processo sobre tentativa de golpe envolvendo militares e ex-presidente Jair Bolsonaro.

Coronel do Exército Márcio Resende Júnior depôs ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira (28) sobre as manifestações em frente aos quartéis após as eleições de 2022, afirmando que a falta de posicionamento dos militares criou uma margem para que apoiadores de Jair Bolsonaro acreditassem no respaldo das Forças Armadas a ações antidemocráticas.

Resende, réu por tentativa de golpe de Estado, mencionou que o silêncio da instituição levou manifestantes a pensar que poderiam receber suporte militar, pedindo intervenção baseada no artigo 142 da Constituição. Ele declarou: “Se ele aciona o 142... o Exército estava apoiando? Não. Mas claro que não falar nada dava margem para consequências ruins.”

O coronel também discutiu uma mensagem em grupo de WhatsApp, onde afirmou que, se Bolsonaro acionasse o artigo 142, “não haverá general que segure as tropas.” Ele explicou que sua mensagem foi em reação à possibilidade de resposta do STF caso o ex-presidente pedisse apoio militar.

Resende participou de uma reunião entre os chamados “kids pretos”, supostamente para elaborar a “Carta ao Comandante”, um documento de pressão ao alto comando do Exército. Ele negou ter havido um plano formal ou discussões de natureza política no encontro, afirmando que foi um evento informal.

A investigação apura ações coercitivas do grupo, que visava manter Bolsonaro no poder após a derrota em 2022. Entre os réus, há suspeitas de monitoramento de autoridades e planos de assassinato direcionados a ministros e políticos.

Os interrogatórios seguem com outros réus do núcleo três da trama golpista, incluindo: Bernardo Romão Corrêa Netto, Estevam Cals Theophilo, e mais sete militares e um agente da Polícia Federal (PF).

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