Setor imobiliário mira mercado de capitais ante desafio de funding para o crédito
Novo cenário do mercado imobiliário pressiona financiamento e pode aumentar custos. Segmentação de recursos deve favorecer operações de longo prazo para pessoas físicas e construtoras no mercado de capitais.
Mercado imobiliário enfrenta pressão no crédito
O crédito imobiliário, um dos três pilares do mercado imobiliário, tem enfrentado maior pressão, mesmo com a oferta de imóveis e a demanda das famílias em alta.
A escassez de financiamento requer novas fontes, principalmente no mercado de capitais. A dependência da caderneta de poupança vem diminuindo após quatro anos de saques líquidos.
Sandro Gamba, ex-CEO da Gafisa e presidente da Abecip, destaca que atualmente 40% do funding provém do mercado de capitais, superando 30% da poupança e 28% do FGTS.
Em 2024, o volume financiado atingiu R$ 186,7 bilhões, o segundo maior da história. Gamba aponta a resiliência do setor, mas alerta para o custo do financiamento, que agora se aproxima da taxa Selic.
A penetração do crédito imobiliário no PIB no Brasil é de 10%, contra 25% no Chile e 50% nos EUA. Com isso, espera-se uma segmentação dos recursos: a poupança destinar-se-á a operações de longo prazo, enquanto as construtoras buscarão financiamento no mercado de capitais.
Roberto Ceratto, da Caixa Econômica Federal, confirma a prioridade nas operações para pessoa física, que recebeu R$ 136 bilhões dos R$ 186 bilhões financiados no último ano. A expectativa é de que a fatia da poupança para construtoras diminua em 2023, assim como os juros.
Apesar de um momento adequado, com baixa inadimplência, Gamba prevê recuo no crédito devido ao redirecionamento do funding e à alta de juros, refletindo os efeitos do ciclo de alta da Selic.