Setor agrícola francês cobra oposição de Macron a acordo UE-Mercosul antes de encontro com Lula
Entidades agrícolas fazem apelo a Macron para rejeitar acordo UE-Mercosul em meio a preocupações sobre soberania e padrões ambientais. O encontro entre os presidentes Lula e Macron busca discutir as polêmicas em torno do pacto comercial e da lei antidesmatamento.
Entidades agrícolas francesas intensificaram sua oposição ao acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, antes de um encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Emmanuel Macron.
Em uma carta, solicitaram que Macron mantenha a pressão contra a ratificação do pacto, afirmando que a França pode se opor legalmente enquanto o acordo permanecer como acordo misto.
As associações, incluindo Anvol, Aibs, Interbev e Intercéréales, destacaram que a Comissão Europeia tenta acelerar o acordo em meio a tensões com os EUA.
Elas argumentam que o acordo ultrapassa questões comerciais e envolve soberania agrícola, justiça econômica e compromissos climáticos. Alertam que produtos importados vêm com substâncias proibidas, transgênicos e ausência de rastreabilidade.
As cotas adicionais previstas representariam um valor agrícola de pelo menos 2,87 bilhões de euros para setores como carne bovina, frango e milho.
Os grupos também ressaltaram que produtos de alto valor, como cortes nobres de carne e filés de frango, estão sendo priorizados pelos exportadores sul-americanos. Adicionalmente, conceder produção de 50 mil hectares para açúcar e etanol corresponde a 1/8 da área cultivada com beterraba na França.
A reunião entre Lula e Macron, marcada para quinta-feira, 5, abordará temas como o acordo UE-Mercosul e a lei antidesmatamento do bloco europeu.
Macron é um dos principais críticos ao acordo, enquanto Lula busca a ratificação, considerando a lei antidesmatamento unilateral e discriminatória.