Ser moderado significa reconhecer que os radicais podem ter razão sobre a censura
A defesa da liberdade de expressão no Brasil enfrenta um sério dilema, com o aumento da censura e decisões judiciais que ameaçam a democracia. O reconhecimento das falhas dos extremos exige um olhar crítico e equilibrado para a importância do diálogo e da pluralidade de ideias.
Norberto Bobbio, filósofo e jurista italiano, expressou em 1994 que a moderação é fundamental, pois a posição extrema pode levar a um pensamento equivocado. Recentemente, a direita radical, representada por Jair Bolsonaro e seus aliados, tem se proclamado defensora das liberdades, especialmente da liberdade de expressão. Contudo, essa retórica é usada para enfraquecer a democracia.
A censura no Brasil tem aumentado. Embora não se tenha chegado a uma ditadura, a liberdade de expressão está em risco. O jornalismo enfrenta há décadas processos por crimes contra a honra, resultando em sentenças desfavoráveis que priorizam o direito à honra sobre a informação.
Atualmente, o Supremo Tribunal Federal (STF) tem tomado decisões prejudiciais à liberdade de expressão, impondo restrições e favorecendo a ideia de que certas opiniões são “perigosas”. Isso implica em remoção de conteúdos e suspensão de perfis nas redes sociais.
Condições de censura prévia tornam-se cada vez mais comuns, afetando jornalistas e humoristas. A ideia de evitar a divulgação de opiniões odiosas pode parecer tentadora, mas cria precedentes perigosos. Assim como creme dental, uma vez que a censura é aceita, não pode ser revertida, tornando-se parte da cultura jurídica e política.
Defender a liberdade de expressão requer um compromisso genuíno, sem recorrer à censura. Combater extremistas deve ser feito dentro das regras do jogo democrático, sem perder de vista que afirmar que o outro lado está sempre errado é pensar como um extremista.