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Selic em um dígito é 'realidade distante', diz ex-diretor do Banco Central

Economista prevê que Selic deve permanecer acima de 10% devido à divergência com o juro neutro. Ajustes fiscais e mudanças globais são considerados improváveis no curto prazo.

A taxa Selic, referência para os juros da economia, deverá permanecer em dois dígitos por um longo período, segundo Fábio Kanczuk, diretor de macroeconomia do Asa e ex-diretor do Banco Central (BC).

Kanczuk afirma que a Selic em um dígito é "uma realidade distante". Ele discute o nível do juro neutro no Brasil, que para ele está em 8%, enquanto o BC estima em 5%.

O juro neutro é crucial, pois não afeta a economia - não estimula nem reduz a inflação. Para calcular o juro neutro, Kanczuk considera dois componentes: o juro real mundial e a situação fiscal local, estimando um juro neutro a partir da Selic atual de 15% ao ano.

A meta de inflação do BC é de 3%, mas a inflação se encontra acima dessa meta. A divergência entre o juro neutro e a Selic pode afetar a eficiência da política monetária. Se a Selic não ultrapassa o juro neutro adequadamente, a alta pode ser insuficiente para conter a inflação.

Kanczuk esclarece que, se o juro neutro fosse de 5%, a política monetária deveria ter mostrado efeitos contracionistas que não ocorreram entre 2022 e 2024. No entanto, com a Selic a 15%, é possível ver efeitos de desaceleração, levando à expectativa de que o Copom manterá a Selic.

Segundo ele, há duas possibilidades para a Selic ser em um dígito: um forte ajuste fiscal no Brasil ou uma queda do juro neutro global, ambas consideradas improváveis no futuro próximo.

Kanczuk conclui que esses fatores elevam o juro neutro global, influenciando diretamente o cenário no Brasil e tornando a possibilidade de Selic em um dígito ainda mais difícil.

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