Selic a 15% derruba a concessão de financiamentos imobiliários, aponta Abecip
Cenário de juros altos continua a impactar negativamente o crédito habitacional, registrando uma queda significativa nas novas contratações. Enquanto isso, a valorização dos imóveis segue acima da inflação, evidenciando a resistência do setor frente aos desafios econômicos.
Taxa de juros elevada afeta crédito habitacional no Brasil.
A Abecip divulgou que, no primeiro semestre de 2025, foram fechados R$ 140,4 bilhões em novos contratos, queda de 3% em comparação ao ano anterior.
No total, 496,1 mil unidades habitacionais foram financiadas, representando uma queda de 11%.
O presidente da Abecip, Sandro Gamba, aponta que essa diminuição é resultado do encarecimento do crédito, maior seletividade dos bancos e recursos limitados, especialmente via SBPE devido às altas taxas da Selic.
Tanto imóveis novos quanto usados foram impactados. O SBPE viu uma queda de 10% nas concessões, totalizando R$ 73,6 bilhões. Em contrapartida, o uso do FGTS para financiamento teve um aumento de 6% devido ao programa Minha Casa Minha Vida.
No primeiro semestre, a poupança registrou uma saída líquida de R$ 38,4 bilhões, refletindo a atratividade de aplicações atreladas ao CDI frente à poupança.
Embora os saques sejam maiores que os depósitos, o saldo da poupança SBPE se manteve quase estável, ficando em R$ 762,3 bilhões.
A LCI cresceu 25% no semestre, impulsionada por uma redução no prazo de carência. No entanto, Gamba ressalta que isso não é suficiente para compensar a perda de recursos.
O SBPE para construção caiu 54%, enquanto a aquisição de imóveis usados subiu 7%. A Abecip projeta uma retração de 20% nas concessões via SBPE até o fim de 2025.
O mercado de crédito imobiliário deve encolher 4% este ano, totalizando R$ 302 bilhões.
Apesar do crédito caro, a valorização dos imóveis residenciais foi de 11,7% nos 12 meses até junho, superando a inflação de 5,4%. Cidades como Salvador, Curitiba e São Paulo estão entre as que mais valorizam.