'Se você não admitir o que fez, seu filho vai para o orfanato'
Mãe russa é condenada a quase três anos de prisão após protesto contra recrutamento militar, enquanto seu filho é colocado em um orfanato. Natalya Filonova luta para recuperar a guarda de Vova e denuncia a perseguição do governo por sua ativa resistência.
Natalya Filonova enfrentou uma situação trágica quando foi presa em setembro de 2022 durante uma manifestação contra o recrutamento militar na Buriátia, Rússia. Após a mobilização parcial anunciada por Vladimir Putin, ela foi condenada por "uso de violência contra policiais" e seu filho adotivo, Vova, foi levado a um orfanato.
Filonova, de 60 anos, argumenta que exercia seu direito constitucional ao protestar. Durante sua detenção, ela foi separada de sua advogada e, em uma tentativa de resistência, arranhou um policial, resultando em um processo criminal. Ela insiste em sua inocência, afirmando que é "fisicamente impossível infligir danos a quatro policiais".
Filonova adotou Vova, que possui deficiências e passou por várias cirurgias desde pequeno. Quando ela foi presa, mandou Vova para morar com o marido em uma aldeia. Sua tentativa de resgatar o filho, que havia sumido após um ataque cardíaco do marido, resultou em nova prisão. As autoridades a ameaçaram com a retirada de Vova como forma de coação.
A aposentada, que foi uma ativista e jornalista, publicou um jornal chamado “Contra Todas as Possibilidades”, focado em questões sociais. Apesar das perseguições, Filonova continuou a protestar, o que resultou em multas e processos. Ao longo de sua vida, sofreu violência policial e até incêndios em sua casa.
Em janeiro de 2023, Vova foi levado para um abrigo após uma visita inesperada da polícia. Filonova expressa sua dor por ter seu filho separado e afirma que as autoridades queriam atingi-la através dele, ressaltando sua luta por dignidade e direitos humanos.
Por fim, Filonova foi condenada a dois anos e 10 meses de prisão. Ao retornar à aldeia em março de 2024, encontrou sua casa em ruínas e Vova que havia comemorado aniversários sem ela. Ela reflete sobre as consequências da separação forçada e a situação de crianças de orfanatos que foram enviadas à guerra.