Risco Trump foi maior, mas sem ajuste fiscal Brasil tem encontro marcado com a crise
O cenário econômico brasileiro apresenta sinais de recuperação, impulsionado pela queda do dólar e pelo aumento da taxa Selic. No entanto, a fragilidade do arcabouço fiscal e a falta de clareza nas contas públicas continuam a gerar desconfiança entre investidores.
A queda do dólar e o Ibovespa em nível recorde refletem uma mudança no pessimismo financeiro do Brasil, mais influenciado por fatores externos, especialmente o risco Trump, que somou ao risco Lula.
Com o recuo do presidente dos EUA na guerra comercial, houve realocação de investimentos que favoreceu países emergentes, como o Brasil.
Dois fatores internos auxiliaram nessa reversão:
- Alta da taxa Selic pelo Banco Central, em resposta à inflação;
- Projeto de isenção do Imposto de Renda com gastos previstos abaixo do esperado, mantendo compensações pela nova alíquota mínima para os mais ricos.
Esses pontos reduziram os temores de um BC frouxo e de um rombo de até R$ 60 bilhões na arrecadação.
Entretanto, a desconfiança sobre as contas públicas persiste. O arcabouço fiscal do ministro Fernando Haddad apresenta inconsistências, previsto para colapsar os gastos discricionários até 2026.
Isso resulta em paralisia da máquina pública por falta de recursos para despesas essenciais.
Espera-se que o arcabouço seja flexibilizado, retirando despesas ou adotando metas fiscais mais frouxas.
Os precatórios devem ser incluídos novamente nas contas a partir de 2027, dificultando a previsibilidade da dívida pública.
Apesar de não haver esqueletos financeiros como na crise de 2015, a falta de clareza pode levar a uma crise econômica mais profunda, caso o próximo presidente não ajuste as contas.