Relembre caso Cesare Battisti pode abrir precedente contra a extradição de Zambelli
A detenção de Carla Zambelli na Itália levanta questionamentos sobre a extradição de cidadãos italianos, relembrando o polêmico caso de Cesare Battisti. A decisão da Justiça italiana poderá impactar não apenas o destino da deputada, mas também as relações entre Brasil e Itália.
A prisão da deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP) na Itália reacende o debate sobre a extradição de cidadãos italianos. Zambelli foi detida em Roma após semanas foragida, condenada a mais de dez anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por crimes de falsidade ideológica e invasão de sistema eletrônico.
Ela argumentou que sua cidadania europeia impediria a extradição, mas a decisão estará nas mãos da Justiça local e será política. Um caso emblemático é o de Cesare Battisti, condenado à prisão perpétua por assassinatos nos anos 1970 e que obteve asilo no Brasil, resultando em crise diplomática.
Zambelli fugiu do Brasil pela fronteira com a Argentina e foi condenada a 10 anos e 8 meses por envolvimento na inserção de mandados de prisão falsos no sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Atualmente, ela está sob custódia na Itália, que tem até 48 horas para decidir seu destino: liberdade, prisão domiciliar ou manutenção da prisão.
O Brasil formalizou o pedido de extradição, que será avaliado pelo Ministério das Relações Exteriores italiano. Apesar das cláusulas que permitem recusa, a Constituição italiana não proíbe a extradição de seus cidadãos. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirma que não há impedimento legal para a extradição, citando o caso Battisti como referência.
A pressão política já começou, com deputados italianos exigindo respostas rápidas do governo. Se extraditada, Zambelli cumprirá pena sem direito a novos recursos, mas, se negada a extradição, as relações entre os países poderão ser tensionadas e abrir precedentes sobre a impunidade de políticos condenados no exterior.