Reforma agrária é mais necessária do que nunca
A luta por reforma agrária e justiça social ganha destaque no Abril Vermelho, enquanto a violência no campo e a concentração de terras persistem no Brasil. Mobilizações e protestos buscam conscientizar sobre a necessidade de mudança e a proteção dos direitos dos trabalhadores rurais.
Abril é um mês simbólico para o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), marcado pelo massacre de Eldorado do Carajás em 17 de abril de 1996, que resultou na morte de 21 trabalhadores rurais. Desde então, a data é comemorada como Dia Internacional das Lutas Camponesas, conhecido como Abril Vermelho.
Após quase 30 anos, a violência no campo persiste, com a aliança entre ruralistas, milícias e agentes do Estado. O Brasil ainda é um dos líderes em concentração de terras e abriga 145 mil famílias acampadas por todo o país.
O agronegócio criou a ilusão de que os problemas agrários estão resolvidos, mas a realidade se opõe a essa visão. A inflação dos alimentos e a desvalorização do real prejudicam a soberania alimentar, favorecendo a exportação em detrimento do mercado interno.
Além disso, a soja tem pressionado os preços de itens essenciais como arroz e feijão, enquanto o agronegócio é isento de impostos pela Lei Kandir, afetando a arrecadação dos Estados.
Uma pesquisa da UFMG mostra que municípios com alta mão de obra agropecuária apresentam piores indicadores sociais. O relatório de desmatamento de 2023 do MapBiomas revela que o agronegócio é responsável por 97% do desmatamento no Brasil nos últimos 5 anos, afetando principalmente o Cerrado e a Amazônia.
A reforma agrária é essencial não apenas pela democratização do acesso à terra, mas também para a preservação ambiental, geração de empregos e ampliação do plantio de alimentos saudáveis. Em 2023, 21,6 milhões de brasileiros vivem em insegurança alimentar.
Apesar da pretensão de assentamentos do governo Lula, menos de 5.000 famílias são do MST, e o orçamento do Incra para aquisição de terras é irrisório. A lentidão do Estado exige pressão dos movimentos sociais para evitar a continuação da devastação ambiental e a especulação com terras.