Quatro em cada dez testemunhas não depõem, e julgamento do golpe mantém ritmo acelerado no STF
Supremo Tribunal Federal encerra fase de depoimentos em ações penais contra Jair Bolsonaro. Acusações de tentativa de golpe de Estado envolvem 34 réus e já provocam críticas e embates judiciais.
BRASÍLIA — O Supremo Tribunal Federal (STF) encerrou na quarta-feira, 23, a fase de depoimentos das 236 testemunhas nas quatro ações penais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado.
Ao longo de dez semanas, foram ouvidas 141 pessoas, com cerca de 40% das testemunhas ausentes. O relator, Alexandre de Moraes, conseguiu concluir as audiências no prazo previsto.
O processo tem gerado críticas de aliados de Bolsonaro, especialmente desde o indiciamento formal dos bolsonaristas em novembro. Mesmo durante o recesso do Judiciário, Moraes seguiu com o andamento do caso, e uma possível condenação pode ocorrer entre agosto e setembro.
Os núcleos de testemunhas demonstraram disparidade: no Núcleo 3, apenas 30% compareceu, enquanto no Núcleo crucial, 59,21% participaram das audiências virtuais.
Testemunhas de destaque como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e comandantes do Exército e da Aeronáutica foram ouvidas. Entretanto, as ausências de testemunhas geraram tensão entre as defesas e a juíza auxiliar Luciana Sorrentino, que negou pedidos de intimação.
A situação foi ainda mais complicada por críticas vindas do presidente americano Donald Trump, mas o Tribunal manteve o ritmo das audiências. Entre disputas legais e questionamentos, o advogado Jeffrey Chiquini enfrentou atritos com Moraes, incluindo um episódio em que teve o microfone silenciado.
Os casos foram divididos entre quatro ações penais, relacionadas a tentativas de desestabilizar o Estado democrático, desde a elaboração de uma "minuta do golpe" até a disseminação de notícias falsas contra autoridades.