Professor emérito cancela curso após Columbia 'capitular a Trump'

Rashid Khalidi, professor emérito de estudos árabes modernos na Universidade Columbia, cancelou o curso que ministraria neste semestre, por meio de uma carta aberta ao The Guardian.

O motivo é um protesto contra um acordo de US$ 200 milhões entre a universidade e o governo Trump, que, segundo Khalidi, ameaça a liberdade acadêmica.

Ele critica a universidade por aceitar rever currículos e restringir críticas a Israel, em troca da retomada de subsídios. Khalidi, que possui mais de 50 anos de experiência no ensino da história moderna do Oriente Médio, afirma que tais condições tornam impossível a realização de seu curso.

O professor ressalta que, mesmo em aposentadoria, planejava coordenar uma aula sobre o tema, mas não pode fazê-lo sob as novas estipulações.

Trump havia cortado subsídios alegando que a instituição tolerou atos antissemitas. Em contrapartida ao acordo, Columbia concordou em pagar uma multa de US$ 200 milhões ao longo de três anos.

Khalidi critica a adoção da definição de antissemitismo da IHRA, que, segundo ele, confunde judaísmo com Israel, dificultando a crítica ao Estado israelense.

Ele menciona que Kenneth Stern, coautor da definição, repudiou seu uso atual, afirmando que "nem todo antissionista é antissemita". Em julho, o governo Lula do Brasil rejeitou a IHRA.

Khalidi enfatiza que a definição impossibilita o ensino honesto sobre a criação de Israel e a Nakba palestina, caracterizando o genocídio em Gaza como conivente com os EUA e Europa.

A carta observa que a decisão da universidade impacta a liberdade acadêmica de estudantes e assistentes, que enfrentam processos disciplinares por críticas ao governo de Israel.

Ele lamenta a perda da oportunidade para cerca de 300 alunos inscritos no curso e planeja oferecer palestras públicas em Nova York, com transmissão online, cujos recursos beneficiarão universidades em Gaza.