Presidente da COP30 critica ausência dos EUA nas negociações
Em meio a tensões internacionais, o Brasil se prepara para sediar a COP30 em 2025. O embaixador destaca a importância da participação dos Estados Unidos e os desafios de financiamento climático para o evento.
Embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, destacou em entrevista à Folha de S.Paulo que fatores como a guerra comercial dos EUA, conflitos militares recentes e o crescimento da direita nas eleições europeias ameaçam as ambições climáticas da conferência.
A COP30 será realizada em Belém, no Pará, em novembro de 2025, sem a presença oficial dos EUA nas discussões preparatórias. A ausência dos EUA, que se retiraram do Acordo de Paris em 2017, representa um desafio, uma vez que o país ocupa a 2ª posição em emissões de gases de efeito estufa e é o maior emissor histórico.
Corrêa do Lago ressaltou a necessidade que o país foi um ator relevante nas discussões climáticas. A conferencia em Belém será a 1ª sobre mudanças climáticas no Brasil desde a Rio-92, com a reunião de chefes de Estado conforme orientação do presidente Lula.
Um dos objetivos principais da COP30 é elaborar um “roadmap” para alcançar US$ 1,3 trilhão em financiamento climático, essencial para países em desenvolvimento. A meta anterior de US$ 300 bilhões não atendeu às expectativas, levando à reabertura das negociações em Bonn.
Apesar da ausência do governo federal, 37 Estados dos EUA pretendem seguir o Acordo de Paris, representando cerca de 70% do PIB americano. Corrêa do Lago perguntou se essa ausência beneficia outras nações, considerando que resulta em espaço, mas com a falta de um ator importante.
Ele criticou o presidente Trump por suas declarações sobre Brasil e a necessidade de informações corretas sobre o país. Corrêa do Lago também lembrou que o conceito de “transitioning away” de combustíveis fósseis foi aprovado na COP28.
Quanto a China e União Europeia, ele comentou que ainda não apresentaram suas novas NDCs. Apesar disso, ele se mostrou otimista em relação à conferência preparatória em Bonn, afirmando que houve engajamento das delegações, apesar das divergências.