Precisamos de coragem moral para regular com responsabilidade as apostas online
A pressão por legalizar apostas online revela uma busca por soluções rápidas para as finanças públicas, ignorando os riscos sociais e de saúde associados. Sem um sistema adequado de prevenção e tratamento, o Brasil pode enfrentar consequências graves e financeiras no futuro.
Brasil enfrenta paradoxos éticos com pedido de prefeitos por legalização de apostas online para resolver problemas financeiros. A urgência arrecadatória pode resultar em um perigo potencial ao ignorar o vício que essas apostas podem causar.
A situação leva à criação de uma “cegueira fiscal seletiva”, unindo o desejo de arrecadar com o custo social da saúde mental da população. Estima-se que os brasileiros movimentem R$ 20 bilhões a R$ 30 bilhões mensalmente em apostas, com mais de 2 milhões de pessoas apresentando sintomas de depressão e compulsão financeira.
Custos sociais das apostas podem atingir 1% do PIB, resultando em um impacto anual de R$ 30 bilhões a R$ 100 bilhões. A pergunta persiste: quem arcará com essa conta?
O Brasil já enfrentou problemas similares com o tabagismo, onde apenas 9,3% da população adulta fuma, mas o custo anual é de R$ 153,5 bilhões, muito maior do que a arrecadação.
Com as apostas, o cenário é oposto: não existem campanhas de conscientização ou infraestrutura para tratar a ludopatia. O IBGE apenas começou a pesquisar os impactos financeiros nas famílias.
Enquanto isso, o Bolsa Família está sendo comprometido por transferências para plataformas de apostas. Arrecadação não deve justificar a destruição. O Brasil necessita de coragem moral para regular as apostas de forma responsável e proteger os vulneráveis.