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Povo yanomami se despede de Francisco: 'um grande xamã se foi'

Líderes indígenas celebram o legado de Francisco, que valorizou suas culturas e lutou por seus direitos. Para Dario Kopenawa, o papa era uma figura semelhante a um xamã, cuja partida representa uma grande perda espiritual.

Dario Kopenawa, liderança yanomami, descreveu a morte do papa Francisco como a perda de "uma árvore grande" que faz sombras para seu povo. Apesar de não ser católico, ele reconhecia em Francisco características de líderes espirituais de sua etnia. O papa foi visto como um aliado dos indígenas, valorizando suas tradições e demandas.

Organizações e lideranças de várias etnias indígenas lamentaram sua morte, destacando sua defesa dos direitos indígenas e sua abordagem ao meio ambiente. Em 2015, ele lançou a encíclica Laudato Si', debatendo a crise ecológica e exaltando modos de vida indígenas. Kopenawa elogiou Francisco por seu apoio durante a pandemia de covid-19 e sua defesa contra garimpeiros em terras yanomami.

A relação da Igreja Católica com indígenas mudou com Francisco, que abandonou a busca por conversões forçadas e focou no respeito à diversidade cultural. O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) tornou-se um parceiro na promoção dos direitos indígenas sob seu papado.

Francisco também promoveu encontros com líderes indígenas e organizou o Sínodo da Amazônia. Sua aproximação resultou em um aumento da sensibilização da Igreja para as questões indígenas, embora críticas tenham surgido sobre sua resistência em aceitar algumas demandas, como a ordenação de padres casados.

Kopenawa expressou esperança de que o próximo papa continue o legado de Francisco, que se opunha ao preconceito e valorizava as tradições indígenas. Ele traçou paralelos entre as ações de Francisco e os rituais yanomami, afirmando que ambos buscavam evitar a destruição do mundo e o fim do cosmos.

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