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Por que Rio Grande do Sul tem maior percentual de adeptos de religiões de matriz africana no Brasil

Marco simbólico é instalado na Vila Kédi, em Porto Alegre, representando a luta por reconhecimento do território quilombola. A presença de terreiros e a forte tradição africana na região revelam a complexa relação entre cultura e religiosidade local.

Quilombo Kédi: Marco de Reconhecimento e Cultura Afrobrasileira

Quatro homens instalaram um painel em homenagem ao Território Quilombola Kédi na Avenida Nilo Peçanha, em Porto Alegre, no dia 20 de abril, em frente ao prédio que abriga a sede da associação local. A placa destaca o processo de regularização fundiária pelo Incra.

A comunidade da Vila Kédi, com cerca de 120 famílias, busca há três anos o reconhecimento da área como remanescente de quilombo. O espaço também é significativo por ter sido o local de um antigo terreiro, frequentado pela líder comunitária Tânia Rosangela de Jesus Dutra.

O advogado Onir Araújo enfatiza que a maioria das 11 comunidades quilombolas de Porto Alegre está associada a terreiros de religiões afrobrasileiras. O Censo de 2022 indicou que existem 203 localidades quilombolas no Rio Grande do Sul, sendo 16 em Porto Alegre.

O Estado é o maior em percentual de adeptos de umbanda e candomblé, com 3,19% da população, superando a média nacional de 1%. Pesquisadores sugerem que muitos se identificam como católicos devido a pressões culturais.

A diversidade religiosa é evidente, com a maior celebração em louvor a Iemanjá ocorrendo no Cassino, atraindo 300 mil pessoas anualmente. Apesar da baixa população autodeclarada preta ou parda (20%), a riqueza cultural afro é negada por alguns, como evidenciado por comentários controversos sobre odores nas enchentes.

Historicamente, o Rio Grande do Sul foi habitado por uma população significativa de africanos e descendentes, com 28% a 36% da população local entre 1780 e 1807. O controle protestante facilitou a liberdade de culto e a adesão a tradições afro-brasileiras.

Controvérsias surgem entre cultos religiosos: tentativas de proibição ao sacrifício de animais e eventos interreligiosos geraram tensões recentes, com apoio de setores religiosos e ações do Ministério Público.

O quilombo Kédi enfrenta resistência ao buscar o reconhecimento de seu território, anteriormente ocupado pela Igreja Santa Edvige, localizada em um antigo terreiro. A disputa reflete uma luta contínua pela identidade cultural e religiosa em Porto Alegre.

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