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Por que religiões cristãs aceitam cobrança de juros apesar da prática ser condenada pela Bíblia

A relação entre dinheiro e fé no cristianismo é complexa e evoluiu ao longo dos séculos, refletindo as mudanças sociais e econômicas. A Igreja adaptou suas doutrinas sobre usura e empréstimos a juros, passando de uma condenação rígida para uma compreensão mais equilibrada com o emergente capitalismo.

Dinheiro e fé: um relacionamento complexo.

A cobrança de juros e a usura têm raízes profundas no cristianismo, especialmente influenciadas pelo surgimento do capitalismo.

O sociológo Francisco Borba Ribeiro Neto distingue entre usura e empréstimos, alertando que juros exorbitantes são vistos como pecado por injustiça e falta de solidariedade.

A visão da Igreja mudou ao longo do tempo, reconhecendo empréstimos como parcerias.

Exemplos históricos incluem os Montes da Piedade, que ofereciam empréstimos sem juros para proteger os pobres da usura.

A legislação islâmica é mais rígida, considerando qualquer juro excessivo, com bancos islâmicos adotando métodos alternativos de financiamento.

A Bíblia critica a cobrança de juros em diversos trechos, evidenciando que o auxílio ao necessitado deve ser desinteressado.

O historiador Gerson Leite de Moraes explica que a condenação bíblica reflete preocupações sobre risos sociais e exploração através de juros.

A teologia católica se adaptou a estruturas econômicas modernas, permitindo empréstimos, desde que razoáveis.

A Reforma Protestante inicialmente reforçou a condenação à usura, mas a interpretação se distendeu ao longo do tempo, com a ética protestante promovendo lucros.

Na Era Moderna, a visão da usura tornou-se mais flexível. A Igreja passou a diferenciar entre juros justos e abusive, com a ideia de que juros poderiam ser como um “aluguel” do capital.

Teólogos como Gutierres Siqueira e Domingos Zamagna discutem a evolução da interpretação da usura, mirando uma justiça econômica em um mundo capitalista.

Com o tempo, a Igreja Catholic se viu obrigada a um compromisso entre doutrinas antigas e novas realidades econômicas.

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