Por que os aposentados protestam na Argentina e como isso afeta Javier Milei
Conflitos marcam protesto de aposentados na Argentina, que reivindicam aumento nas pensões. A adesão das torcidas organizadas indica uma possível mudança no clima social em meio à repressão do governo Milei.
Protestos dos aposentados na Argentina têm se intensificado sob o governo de Javier Milei. Todas as quartas-feiras, eles se reúnem em frente ao Congresso de Buenos Aires pedindo aumento das pensões, que estão abaixo da linha de pobreza.
Nesta quarta-feira, as torcidas organizadas se uniram ao protesto, resultando em confrontos violentos com a polícia. A adesão dos “barra brava” foi influenciada pela agressão a um aposentado da terceira idade ocorrida na semana anterior.
De acordo com Matheus Pereira, professor de relações internacionais, essa união pode indicar uma mudança de humor da população, que, até então, demonstrava paciência com as medidas de austeridade de Milei.
A violência escalou: manifestantes incendiaram carros e enfrentaram a polícia, que respondeu com balas de borracha e gás lacrimogêneo. O fotógrafo Pablo Grillo ficou gravemente ferido.
Enquanto o governo defende a repressão ao protesto, a vice-presidente Victoria Villarruel condenou a violência, mas não considera os protestos uma tentativa de golpe.
A repressão é uma constante na resposta do governo às manifestações sociais, o que pode aumentar a pressão política sobre Milei, especialmente em um momento em que a oposição busca investigar um escândalo relacionado à criptomoeda $LIBRA.
Em um cenário econômico difícil, as pensões são insuficientes para cobrir as necessidades básicas. O benefício de 349 mil pesos não chega a 30% do valor da cesta básica, que ultrapassa 1,2 milhão de pesos, com um aumento de 75% ao ano.
Os aposentados, representando 15% da população, enfrentam cortes de subsídios e a pobreza entre eles dobrou em um ano, passando de 13,2% para 30,8%, impactando 542 mil indivíduos.