Por que maior oposição a papa Francisco dentro da Igreja Católica vinha dos EUA
Tensões entre o papa Francisco e setores conservadores da Igreja Católica americana marcam seu papado. Suas posições progressistas em questões sociais e críticas ao consumismo provocaram reações fervorosas, revelando uma divisão profunda na Igreja dos EUA.
Papa Francisco e as tensões com a Igreja Católica americana
Em setembro de 2019, o papa Francisco declarou: "Rezo para que não haja cismas, mas não tenho medo". As tensões começaram desde sua eleição, alavancando uma mudança radical após dois papados conservadores.
Nos EUA, um setor conservador da Igreja, composto por bispos, padres e leigos, opôs-se a Francisco. David Gibson, do Centro de Religião e Cultura, afirma que a resistência foi organizada e financiada por grupos como o Instituto Napa e EWTN.
Francisco reconheceu a dificuldade de seu papado nos EUA, devido a uma "atitude reacionária muito forte e organizada". A revista First Things publicou um artigo criticando seu pontificado logo após sua morte, chamando-o de "inadequado".
O papa adotou uma postura modesta, optando por morar na residência Santa Marta em vez do Palácio Apostólico e lançando a exortação "Evangelii gaudium", que desafiava o consumismo. Críticos como Rush Limbaugh o chamaram de "marxista".
A demografia católica americana é complexa, com 20% da população se identificando como católica, e uma liderança conservadora dominada por bispos de ascendência europeia. Francisco se opôs ao capitalismo e defendeu imigrantes, numa clara discordância com posições de figuras como Donald Trump.
Enquanto Trump promovia a deportação em massa, Francisco considerava essa atitude "um ataque à dignidade humana". Suas críticas ao estilo de liderança conservador resultaram em confrontos com figuras como o cardeal Raymond Leo Burke.
O papa também pregou a inclusão de homossexuais, mas enfrentou forte oposição, especialmente de Burke, que se opôs publicamente a essa visão.
Acusações sobre encobrimentos de abusos sexuais na Igreja também marcaram seu papado, levando a confrontos intensos com críticos. Carlo Maria Viganò pediu a renúncia de Francisco, sendo excomungado posteriormente.
Francisco defendeu posições progressistas em relação ao aborto e aos direitos LGBTQIA+, mas manteve uma postura conservadora sobre a vida antes do nascimento.
Recentemente, nomeações de líderes e demissões de conservadores, como Robert McElroy como arcebispo de Washington e a expulsão de Burke, evidenciam sua determinação em modernizar a Igreja.
Gibson conclui que a "marca registrada" do papa é a defesa dos pobres e marginalizados, contrapondo-se a elites dentro da Igreja.