Por que letra de médico é ruim? A neurociência por trás da caligrafia
A caligrafia é influenciada por fatores anatômicos, genéticos e culturais, além de impactar a forma como aprendemos. Pesquisas apontam que a prática da escrita à mão ainda é fundamental para o desenvolvimento cognitivo e a memorização.
Letra de médico tornou-se uma expressão popular devido à dificuldade de ler as receitas escritas à mão por médicos.
A falta de legibilidade levou à criação de leis no Brasil que exigem receitas digitadas ou com caligrafia legível.
A antropóloga Monika Saini explica que a caligrafia é influenciada por diversos fatores:
- Anatomia: mãos compostas por 27 ossos e mais de 40 músculos.
- Genética: características herdadas que afetam a escrita.
- Influências culturais: aprendizado na infância com familiares e professores.
A falta de hábito de escrever e o uso crescente das tecnologias influenciam a caligrafia. Saini conduziu pesquisas que mostram semelhanças de caligrafia entre pais e filhos, além do impacto do estilo do professor.
A neurocientista Marieke Longcamp estudou como o cérebro processa a escrita e descobriu que a caligrafia ativa várias regiões cerebrais essenciais para o ato de escrever, que exige visão e propriocepção.
A professora Karin Harman James investiga como a escrita à mão, em comparação ao uso de teclados, afeta o aprendizado. Em suas pesquisas:
- Crianças que aprenderam a letra escrevendo à mão mostraram ativação cerebral em áreas relacionadas à escrita.
- Estudantes que tomaram notas à mão obtiveram resultados melhores em testes comparados aos que digitam.
Escrever à mão, seja no papel ou em tablets, é considerado mais eficaz para o aprendizado.
A instrutora Cherrell Avery sugere que é possível melhorar a caligrafia com prática e atenção na postura, utensílios e ritmo ao escrever.
A escrita à mão não só melhora a legibilidade, mas também é uma extensão da personalidade do autor.