Por que evangélicos devem demorar 17 anos para ultrapassar católicos no Brasil, segundo projeção
Desaceleração no crescimento evangélico no Brasil indica que a substituição do catolicismo como a principal religião do país deve ocorrer apenas em 2049. O Censo 2022 revelou uma tendência de distanciamento de jovens das igrejas, refletindo mudanças nas relações com a fé.
Desaceleração no crescimento evangélico no Brasil foi revelada pelo Censo de Religião do IBGE (06/06). O demógrafo José Eustáquio Diniz Alves projeta que a transição do catolicismo como a principal religião do país será adiada em 17 anos, passando para 2049.
Os dados mostram que 26,9% da população brasileira, ou 47,4 milhões, se declararam evangélicos em 2022, comparado a 21,7% em 2010. Este crescimento de 5,2 pontos percentuais é menor que os 6,5 pontos dos anos de 2000 a 2010, marcando a primeira desaceleração desde os anos 1960.
Medidas do Censo indicam que 56,7% dos brasileiros são católicos, uma queda de 8,4 pontos desde 2010. A desaceleração da perda de fiéis na Igreja Católica é vista como uma vitória, permitindo a estabilização de sua base.
Fatores de desaceleração:
- Crescimento de movimentos de "contra-conduta evangélica".
- Descontentamento com práticas de algumas igrejas.
- Envolvimento político das igrejas evangélicas.
- Problemas no Censo 2022, afetando a precisão dos dados.
O número de brasileiros sem religião cresceu de 7,9% para 9,3%, refletindo a busca por novas formas de espiritualidade e a alienação de instituições religiosas tradicionais. O Censo agora evidencia um fenômeno de "desigrejados", que se identificam com a fé, mas não querem vinculação com igrejas.
A antropóloga Jacqueline Teixeira destaca que a renovação carismática católica pode ter contribuído para a retenção de fiéis, enquanto Eustáquio sugere que a gestão do papa Francisco pode ter amenizado a perda. O Censo também revelou que a proporção de católicos, que era de 65% em 2010, caiu para 56,7% em 2022.
Este cenário destaca a ocorrência de novas dinâmicas sociais em relação à religião no Brasil, refletindo mudanças nas identidades espirituais e nas relações com a fé.