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Por que entender o que o tempo de tela faz com o cérebro das crianças é mais complicado do que parece

Os especialistas questionam a narrativa alarmista sobre o tempo de tela, apontando a falta de evidências científicas consistentes sobre seus efeitos na saúde mental das crianças. Enquanto alguns defendem limitações rigorosas, outros alertam que o controle excessivo pode tornar o uso de dispositivos ainda mais tentador e clandestino.

Reflexão sobre o uso de tecnologia por crianças

Durante uma tarefa doméstica, uma mãe entregou o iPad ao filho menor, mas ficou alarmada com a reação dele ao ter o aparelho retirado. A mãe se preocupa também com os filhos mais velhos, que utilizam redes sociais e jogos online.

Personalidades como Steve Jobs e Bill Gates restringiam o uso de tecnologia para seus filhos, refletindo uma preocupação com os impactos negativos do tempo de tela. Estudos indicam uma ligação entre o uso excessivo de telas e questões como depressão e privação de sono.

A neurocientista Susan Greenfield propõe que o uso prolongado de telas pode prejudicar o cérebro, mas um editorial no British Medical Journal rebate essa afirmação, defendendo que as evidências não são sólidas. Pete Etchells, pesquisador, também ressalta a falta de evidências concretas sobre o impacto negativo do tempo de tela.

Um estudo de 2021 da Associação Americana de Psicologia concluiu que o impacto do uso de telas na saúde mental é pequeno. Pesquisas mais recentes questionam a relação entre luz azul e problemas de sono, sugerindo que não há evidências consistentes.

Etchells argumenta que há uma interpretação vaga do que é tempo de tela: mínimos detalhes como a qualidade da interação faltam nas análises. Estudos indicam que o tempo de tela pode não estar associado a problemas de saúde mental, desde que usado de maneira social e interativa.

Apesar disso, grupos como Smartphone Free Childhood defendem severas limitações no acesso a dispositivos para jovens. A psicóloga Jean Twenge observa que muitos estudos mostram correlações entre o tempo online e sentimentos depressivos, alertando para os perigos de maior isolamento.

O debate sobre limites de uso é repleto de julgamentos entre pais, e as diretrizes oficiais ainda são inconsistentes. Organizações como a OMS propõem recomendações gerais, mas não há consenso científico.

Finalizando, a incerteza sobre os riscos do uso excessivo de tecnologia levanta questões sobre a equidade no desenvolvimento das crianças e o futuro do aprendizado e bem-estar.

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