Por que aquecimento global pode 'envenenar' arroz em partes do mundo

Arroz e arsênio: um problema crescente com as mudanças climáticas

O arroz é um alimento básico para mais da metade da população global. Porém, cientistas alertam que as emissões de carbono e o aquecimento global estão aumentando os níveis de arsênio neste alimento.

A presença de arsênio no arroz é antiga, mas com variações nas quantidades encontradas nos grãos. No Brasil, a Anvisa estabelece limites máximos de arsênio: 0,20 mg/kg para o arroz branco e 0,35 mg/kg para o integral, os quais estão dentro das recomendações globais.

A exposição crônica ao arsênio pode causar sérios problemas de saúde, incluindo câncer e doenças cardiovasculares. Apesar disso, a ingestão zero pode inviabilizar a produção de alimentos, segundo Bruno Lemos Batista, da UFABC.

Estudos recentes na China mostram que níveis de arsênio aumentam com a elevação do dióxido de carbono e da temperatura, resultando em possíveis 19,3 milhões de casos adicionais de câncer só na China. Lewis Ziska, coautor da pesquisa, destaca que este é um efeito sinérgico prejudicial.

O arsênio inorgânico, mais nocivo, pode causar impactos à saúde mesmo em quantidades baixas. O aumento da temperatura favorece bactérias que tornam o arsênio mais disponível nas plantas de arroz.

Além de emissões, especialistas sugerem alternativas para mitigar a exposição ao arsênio. Por exemplo, gerenciar a irrigação e identificar variedades de arroz com menor concentração de arsênio. Contudo, a regulamentação é fundamental, já que atualmente não existem limites rigorosos na maioria dos países.

As mudanças climáticas podem agravar a situação se as emissões de carbono não forem controladas. A necessidade de uma abordagem nova para cultivo e monitoramento do arsênio é urgentemente necessária, pois afeta milhões globalmente.