Por que a aliança com Israel é uma questão de Estado na Alemanha — e como fome em Gaza põe isso à prova
Alemanha reafirma compromisso com Israel, mas pressões sobre política externa aumentam frente à crise humanitária em Gaza. A situação gera debates internos sobre a continuidade do apoio incondicional, refletindo as tensões sociais no país.
A razão de Estado da Alemanha apoia Israel, refletindo sua identidade moral e política, especialmente após o Holocausto. A Alemanha é principal parceiro comercial e militar de Israel, com laços históricos profundos.
Após o massacre de judeus pelo regime nazista, a Alemanha comprometeu-se com a segurança de Israel. No entanto, a atual guerra na Faixa de Gaza e a crise humanitária têm gerado dúvidas sobre esse apoio incondicional.
Outros governos da Europa criticam Israel; a Alemanha mantém uma postura mais cautelosa, mas as pressões aumentam. Meron Mendel, diretor do Centro Educativo Anne Frank, afirma que a posição pró-Israel da Alemanha está mudando.
As relações bilaterais datam de 1952, com o Acordo de Luxemburgo, onde a Alemanha comprometeu-se a pagar reparações. Angela Merkel formalizou a segurança de Israel como parte da razão de Estado em 2008; isso foi mantido por seus sucessores.
O apoio a Israel é visto como um símbolo da responsabilidade histórica da Alemanha. Apesar das bases históricas, os aspectos econômicos e estratégicos são igualmente relevantes. A Alemanha é o maior parceiro comercial de Israel na UE e fornece armamentos significativos, avaliados em US$ 500 milhões após o início da atual guerra.
No entanto, a situação em Gaza, com cerca de 60 mil palestinos mortos e crescente fome, força uma reflexão sobre o apoio alemão a Israel. A Alemanha não endossou uma recente declaração de 28 países pedindo o fim dos ataques, mas fez um apelo conjunto com o Reino Unido e a França para aliviar a situação humanitária.
Críticas à política de Israel surgem na coalizão governamental, e as manifestações na Alemanha refletem um descontentamento crescente. Mendel prevê que, se a guerra não terminar e a situação humanitária piorar, uma mudança nas políticas alemãs pode ocorrer.
De acordo com Michael Brenner, o apoio à Israel, embora profundo, enfrenta um desequilíbrio com a opinião pública. A crítica pode se intensificar, principalmente entre uma nova geração de líderes políticos.