Plano de Bolsonaro era prender Moraes e impedir posse de Lula, diz ex-comandante da Aeronáutica
Ex-comandante da Aeronáutica revela planos de golpe por parte de Bolsonaro e generais. Baptista Júnior destaca a oposição das Forças Armadas à proposta de ruptura democrática.
Ex-comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Júnior, revelou, durante depoimento ao STF, que Jair Bolsonaro propôs instaurar um Estado de Defesa para impedir a posse de Lula no final de 2022.
A revelação faz parte de um processo criminal contra Bolsonaro e outros réus, incluindo generais do Exército. Baptista Júnior relatou que a ideia de prisão do ministro do STF, Alexandre de Moraes, foi discutida, mas a ruptura democrática não aconteceu devido à "não participação unânime das Forças Armadas".
Baptista Júnior se opôs fortemente ao plano, assim como o comandante do Exército, Freire Gomes. Apenas o comandante da Marinha, Almir Garnier Santos, apoiou a proposta. Em reunião com o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, foi apresentado um documento que sugeria a medida de exceção, levando Baptista Júnior a se retirar após questionar se Lula não tomaria posse.
Inicialmente, as discussões eram sobre uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) devido à convulsão social esperada após as eleições. No entanto, o ex-comandante sentiu desconforto ao perceber que as conversas caminhavam para medidas de exceção sem fundamento.
Ao ser questionado sobre a prisão de autoridades, Baptista Júnior confirmou a intenção de prender Moraes. Também destacou sua posição contrária a qualquer ruptura. Em conversa com o general Augusto Heleno, ele reforçou que a Aeronáutica não apoiaria ações golpistas.
O ex-comandante tem histórico de carreira militar e foi destaque na PF, onde se posicionou contra fraudes no sistema de votação eletrônico. Baptista Júnior denunciou ataques pessoais que recebeu, incluindo a sugestão de um ato ilegal por parte da deputada Carla Zambelli.