Pix é melhor que métodos de pagamento americanos e por isso virou alvo, diz ex-presidente do Banco Central
Henrique Meirelles analisa as implicações da investigação dos EUA sobre o Pix e defende a necessidade de proteger a economia brasileira. Ex-ministro sugere que o governo busque novos mercados e esteja disposto a negociar tarifas com os americanos.
Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central e ex-ministro da Fazenda, avalia que a inclusão do Pix na investigação dos EUA reflete a eficiência do sistema de pagamento brasileiro.
Em entrevista à BBC News Brasil, ele descreve o Pix como "rápido e eficiente", destacando sua superioridade em relação ao sistema de pagamentos americano.
O governo de Donald Trump anunciou, em 15 de julho, uma investigação comercial contra o Brasil, em resposta à tarifação de 50% sobre produtos brasileiros exportados. As acusações incluem possíveis irregularidades na adoção do Pix, que foi desenvolvido durante o governo de Michel Temer e lançado em novembro de 2020.
Meirelles acredita que a concorrência que o Pix oferece a empresas como Google, Apple e Meta é a verdadeira motivação de Trump. Ele defende ainda que as alegações dos EUA sobre práticas desleais não têm fundamento.
Durante a entrevista, Meirelles sugeriu que o Brasil deve negociar a revisão da tarifa de 50% e considerar abrir mão de algumas taxas contra os EUA. No entanto, ele rejeita a ideia de negociar decisões do Supremo Tribunal Federal.
Meirelles também não descarta a possibilidade de retaliação tarifária, mas ressalta a necessidade de cautela. Ele aconselha o Brasil a buscar novos mercados, especialmente na China.
Em relação à investigação, Meirelles afirma que o Pix é visto pelos EUA como uma competição desleal, afetando as Big Techs americanas. Porém, ele considera as alegações de deslealdade apenas uma questão conceitual.
Meirelles conclui que o Brasil deve olhar para mercados asiáticos e europeus para diversificar suas exportações, especialmente dado o conflito com os EUA.
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